sábado, 27 de janeiro de 2018

Benfica Tricampeão Europeu em 2020


Depois de ter acontecido já em 2014, o Estádio da Luz candidata-se a receber a final da Champions League novamente em 2020.

Excelente iniciativa!

O Estádio da Luz consta sempre das listas do estádios mais bonitos, imponentes, importantes, etc... da Europa; o Benfica é um dos mais históricos clubes e campeões europeus; Lisboa está na moda a nível mundial... portanto é bastante oportuna, esta candidatura.

Mas o que ganha o Benfica e nós, benfiquistas, com isto?

O prestígio e o orgulho de ver mais uma final da mais importante competição futebol, de clubes, do mundo, certamente!

Não estou por dentro do assunto, mas creio que deve haver contribuições financeiras da UEFA também.

Mas isto chega?

Não, não chega!

É pouco, ou mau?

Também não, mas, mais uma vez... não chega!

Todos estamos certamente reconhecidos pelo que o presidente Luís Filipe Vieira tem feito desde que assumiu o cargo, não esquecendo o presidente Manuel Vilarinho, cuja coragem permitiu que este novo caminho de recuperação se iniciasse e não esquecendo ainda aqueles que acompanharam o actual presidente e o apoiaram neste trajecto, mesmo os que já não fazem parte da estrutura nem dos órgãos directivos, mas cujo contributo desinteressado foi essencial e que, também corajosamente, dando a cara, continuam a defender o clube.

A recuperação financeira, ou pelo menos (o que já é muito) da credibilidade financeira (pois as finanças em si continuam consideravelmente desequilibradas, como o demonstram os últimos números que apontam para que tenhamos o segundo maior passivo dos clubes europeus) é uma evidência.

A estrutura de gestão profissional das empresas do universo Benfica dá-nos razões para acreditar num crescimento financeiro que atenue esse mesmo passivo a curto-médio prazo.

A nível de equipamentos e logística, o Benfica é hoje uma referência a nível mundial.

Fruto do que acabo de escrever, a nossa formação é hoje um exemplo em todo o mundo, tendo claramente ultrapassado a dos nossos rivais internos, também eles com alta cotação internacional.

Tudo isto é uma evidência e tudo isto devemos agradecer, mas como o próprio presidente Luís Filipe Vieira reconheceu há uns anos, uma vez atingidos os objectivos do projecto a nível estrutural, o foco deve virar-se para o sucesso desportivo e sem rodeios e com as maiores desculpas para atletas, treinadores, dirigentes e adeptos das outras modalidades, o sucesso da equipa principal de futebol.

Não foi logo após Vieira ter reconhecido que esta deveria ser a preocupação dos dirigentes benfiquistas que atingimos essa meta, mas nem sempre é possível atingirmos os objectivos no tempo que desejamos e com a conquista do primeiro Tetra da nossa história, diria que agora, sim, estamos nesse caminho.

Diria, mesmo que não ganhemos este ano, não atingindo o tão ambicionado Penta.

Desde que, seja apenas uma excepção e voltemos a ganhar de seguida.

Mas, mesmo assim, não chega!

O Benfica tem de voltar a ser competitivo, altamente competitivo, a nível europeu (o que, claramente não aconteceu nesta época).

O Benfica tem de voltar a ser um "tubarão" europeu!

O Benfica tem de começar a passar permanentemente da fase de grupos na Champions!

O Benfica tem de voltar a marcar presença em finais da Champions!

O Benfica tem de voltar a ser Campeão Europeu!

Luís Filipe Vieira usa invariavelmente a palavra "projecto", pois aqui tem uma excelente hipótese de se atirar a um aliciante, ambicioso, mas atingível projecto.

O de construir uma equipa, em dois anos, que além de dominar a nível interno, seja objectivamente capaz de lutar para chegar à final jogada em nossa casa em 2020 (e claro, as finais são para ganhar)!

Podemos não chegar à final e se chegarmos, nem sequer a ganhar, mas repito: o objectivo teria (tem!) de ser montarmos uma equipa que objectivamente tenha hipóteses para lutar por e para isso.

Sim, eu sei que na última grande entrevista do nosso presidente, ele disse que tinha essa ambição, a de que o Benfica fosse campeão europeu, ainda durante a sua presidência e mais, que isso iria acontecer e com os jogadores da nossa formação.

Não tenho nada do que duvidar, até agora, do presidente Luís Filipe Vieira, em quem sempre depositei os meus (desde há alguns anos 50) votos, mas permito-me sublinhar que a prática a que temos assistido, de venda de muito jovens valores por números bons, mas que não aproveitamos a nível de rendimento desportivo, ou aproveitamos muito pouco e que depois são, ou serão, ainda mais valorizados pelos clubes a quem os vendemos, não está de acordo com esse discurso.

Sei que é difícil mantermos todos os bons jogadores que passam pelo Benfica.

Mas também não temos de prescindir de todos ao fim de 1 ou 2 anos a alto nível (muito menos dos da nossa formação).

E dinheiro para os manter, perguntais vós?

Pois, precisamente dos negócios que tiverem de ser feitos (ou que o engenho dos reconhecidamente bons gestores da SAD do Benfica, consigam fazer a nosso contento).

Dou-vos o exemplo do Bernardo Silva, que está com o salário semanal de £ 120.000,00 ou seja, de € 135.000,00 aproximadamente, o que multiplicando pelas 52 semanas do ano dá um total de cerca de 7 milhões de euros.

Quando vendemos jogadores por 30, 40 ou mais milhões de euros, parte dessa receita não poderia, deveria ficar para assegurarmos bons salários durante 4 ou mais anos para aqueles que queremos, devemos, segurar?

E se tivéssemos segurado o Bernardo Silva, não teríamos nós encaixado os 50 milhões de euros que o Mónaco recebeu neste defeso, em vez dos 15, ou seja, não teríamos ficado a ganhar mais 35 milhões de euros, precisamente o valor para pagar 5 anos (5x7=35) de salários anuais de um jogador do nível salarial actual do que o mesmo Bernardo Silva está a ganhar agora no City?

É, para mim, este também um tipo de raciocínio de boa gestão, sobretudo, de boa gestão desportiva.

E além dos números é também o já muito mencionado rendimento desportivo (que também ele próprio traz melhores números) e a fidelização dos adeptos (que também ela traz números melhores) que melhor se atingem com este caminho.

Recordo-me de há uns anos, quando o meus amigos do Sporting me falavam da academia e do Figo, e do Simão, e do Quaresma, e do Nani, e do Ronaldo, eu lhes perguntar quantos títulos esses jogadores lhe tinham dado.

A resposta é, como diria o actual treinador deles: bola!

E lá acrescentava que o único jogador  português a ganhar uma bola de ouro ao serviço de um clube português (aliás o único clube português com um jogador que ganhou uma bola de ouro), foi o Eusébio e que o Rui Costa, antes do encaixe financeiro da venda para a Fiorentina, ainda fez parte activa das equipas que nos deram a Taça de Portugal de 1992/93 e o campeonato (embora tenha ficado no banco em Alvalade nos 3-6) de 1993/94.

Eu não quero ser o tipo que tem o mesmo discurso que os sportinguistas tinham: "ah, mas a nossa formação é a melhor e olha agora onde está a jogar o A ou o B, que foram formados no Benfica".

Eu quero que eles ganhem no Benfica.

E eu quero que o Benfica ganhe com eles.

Na realidade quero que o Benfica ganhe!

Se for com eles, tanto melhor.

E volto a apelar ao sentido de gestão dos nossos elogiados gestores (passe o pleonasmo), mesmo aqueles que são acusados de apenas verem tabelas de excel à frente: já imaginaram o lucro que se consegue obter com jogadores vencedores (ou mesmo que só cheguem à final) de uma Champions League?

É um facto: no futebol (no mundo?) a discrepância entre os muito ricos e os outros é cada vez maior.

Cabe-nos a nós decidir (enquanto ainda vamos a tempo) se nos queremos resignar a fazer parte dos outros, se queremos estar nos primeiros.

Somos o único clube português (diria até fora das grandes ligas) que pode aspirar a tal.

Pelo historial, pela dimensão da massa adepta e sim, também pelas exemplares infraestruturas e formação de que dispomos.

E se o Estádio da Luz não for o escolhido para a final de 2020?

Bom, então, "pelo menos", teremos montado uma equipa para dominar internamente e lutar pela vitória na Champions e que, se se houver boa gestão, o pode (e deve!) fazer, não apenas em 2020, mas todos os anos!